sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Perguntas que assolam uma mente inquieta - I

A falta de definição sobre as minhas atividades dentro da empresa onde trabalho me força a fazer praticamente um job rotation (adoro essas expressões importadas [mentira]), sendo jogado em qualquer canto onde exista qualquer tarefa a ser desempenhada. Não obstante, não há MUITA tarefa a ser desempenhada em canto algum e, por esse motivo, penso, logo escrevo.

Esta semana fui deslocado para a área de contabilidade da empresa. Minha função é ligar para os funcionários que possuem pendências, cobrando-os para que estas sejam resolvidas imediatamente. Tal processo é dado da seguinte forma: as cobranças de fornecedores chegam a este setor, onde os empregados verificam no sistema o lançamento das informações referentes ao material recebido ou serviço prestado para checar se tudo está correto. Estando, o pagamento pode ser feito, porém quando há inconsistência em algum dado, o CHATO aqui aparece para puxar as orelhas dos colegas. Algo tão desafiador que, talvez, um macaco adestrado faria com a mesma competência que eu.

Viver em meio a contadores, observando suas atividades e responsabilidades, levaram meus questionamentos sobre “Vida corporativa é vida?” (a ser tratado no próximo post) para um outro nível. Se eu já questionava passar 40 horas da semana fechado em um escritório enquanto o sol, o vento e a VIDA lá fora corre solta, imagina renunciar a tudo isso por guias de recolhimento de impostos, notas fiscais, boletos e livros contábeis?

A afirmação “a vida é mais que isso” aparece aqui na sua melhor forma. Excluindo questões sobre burocracia, organização corporativa, controles governamentais, QUAL A UTILIDADE DE TUDO ISSO? Vejo aqui pessoas passando suas (únicas) vidas alimentando livros que ficam parados nas estantes por meses e fazendo um CARA-CRACHÁ em documentos e telas de computador. 40 horas semanais. 175 horas por mês. Quase 2000 horas por ano.

Não quero cair na tentação de dizer “imagina ter todo esse tempo pra fazer o que quiser” porque afinal, do trabalho nós não podemos fugir (por nós entenda-se pessoas que não são ricas de berço e que vivem com os pés no chão). Mas utilizar esse tempo, ao menos, para funções mais produtivas, para gerar riquezas de verdade? Quantas pessoas estão perdendo não apenas o seu tempo, mas o tempo (e o dinheiro) da empresa (que repassa esses custos a todos nós - ou seja, todos pagam a conta disso) apenas para a manutenção de uma estrutura burocrática?

Agora, isso fez ainda menos sentido para mim.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Eu believo


Compareço hoje pra desabafar: EU NÃO AGÜENTO MAIS. É muita angústia, é muito sofrimento. Desse domingo não passa. Vai acabar, graças!

Tudo começou num longínquo fim-de-semana de Maio (ou seria Abril?), quando estreamos sem qualquer perspectiva positiva numa partida que tinha tudo para confirmar os prognósticos negativos. Raras as vezes que conseguimos derrubá-los no Morumbi e esta parecia ser a mais improvável de todas.

Aquele foi apenas o começo de uma série de acontecimentos improváveis. Vitórias no Mineirão, no Serra Dourada, no Scarpelli, liderança em épocas de pontos corridos, tudo isso já ia contra a nossa história, ainda mais depois de duas eliminações para equipes de divisões inferiores no cenário nacional. Toda quarta ou todo domingo passou a ter um compromisso imperdível – era dever fazer-se presente no estádio ou em frente ao aparelho de tevê. Tu sente que a coisa fugiu de controle quando um simples embate em Curitiba faz tu passar metade de um fim-de-semana dentro de um carro.

As vezes, queria eu não me importar com isso. Ser como meu pai, que apenas senta em frente a TV, pergunta quem está jogando e depois segue a vida como se nada tivesse acontecido. Apenas um passatempo, uma distração. Me pergunto: por que eu choro por isso? Mudo meu humor, meu estado de espírito? Por que afeta minha vida, minha relação com a família, com meus amigos?

Contra o Palmeiras, estava fora do país. Ainda embriagado pela noite de Buenos Aires, penso: “que maravilha este fim-de-semana, nada de futebol. A vida é mais que isso”. Até que, já na madrugada de domingo, pessoas vestidas de azul aguardam no aeroporto. Não à mim, mas ao grupo que foi ao Parque Antártica e junto com a vitória, trouxe esperança e fé para metade de Porto Alegre. É preciso admitir: não tenho como fugir. Isso faz parte da minha vida.

Por isso, conheci cidades como Buenos Aires e Montevideo. Isso é uma das coisas que mantém minha família de cinco irmãos mais próxima. Que ajuda a manter as amizades dos tempos de colégio. Que, de certa maneira, forma a minha identidade.

Chegamos ao momento derradeiro do campeonato. É terça-feira e já estou sem unhas. Não quero falar mais sobre esse assunto. É muito angustiante, é muito sofrido. Mais ainda quando tu te pega perdido nos pensamentos, imaginando o estádio no domingo, vivendo aquelas duas miseráveis horas. Imagina o rádio trazendo boas notícias. Imagina ver aquilo tudo que era tão distante meses atrás tornar-se algo palpável, uma coisa real.

É preciso acreditar. Sempre acreditar. Mas não alimento essa fé nos discursos de “imortal tricolor”, por vitórias heróicas do passado e outras bobajadas propagandeadas por aí por todos os tipos de pessoas, sejam entendedoras ou não do assunto. No futebol, o inimaginável não tem clubes preferidos, não se baseia em históricos ou tabus, não é definido com antecedência. Tudo pode acontecer naquelas duas miseráveis horas.

Que seja nesse domingo, das 17 às 19.


Numa época em que a internet jorra textos e frases supondo ser de grandes escritores e pensadores, deixo aqui uma que li em 1997, creditada ao Sir Winston Churchill, grande líder da Inglaterra – e porque não, dos aliados – na Segunda Guerra Mundial:

“Os aliados são tão burros que ainda não perceberam que já perderam esta guerra. Por não perceberem, continuam lutando. Por continuar lutando, acabarão vencendo.”

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Vem com manual de instruções?

100% boliviana

Seguindo o movimento THE BUCKET IS GONE, nesta quinta-feira resolvi transferir o escritório para a sala 4 do Unibanco Arteplex para acompanhar a nova aventura de um dos meus personagens favoritos desde a infância, 007. Quantum of Solace (sem tradução para o português... ooou Andando de Quantum no Solááááço) apresenta mais uma boa performance de Daniel Craig no papel do agente-garanhão do serviço de inteligência britânica, o que me leva a crer fortemente que ele se sai melhor no papel do que seu antecessor, Pierce Brosnan, que na minha opinião era apenas um rosto (metido a) bonito, mas que não impunha respeito nem metia medo.

O filme tem todos aqueles ingredientes indispensáveis para um bom roteiro de James Bond: perseguições automobilísticas impensáveis, brigas com quedas de prédios de 14 andares sem que o mocinho se machuque, trocas de tiro do estilo corpo fechado e, claro, um clima de romance, porque afinal, o cara é garanhão, pegador e coisa e tal (apesar, se comparado aos outros filmes da série, nem dá pra considerar que há romance nesse episódio).


Gastando muito com lavanderia

Fato é que, por ser uma autêntica seqüência da película anterior, Casino Royale, o lado humano de Bond continua sendo explorado. Ele remói-se por causa de seus erros, principalmente por ter confiado em Vesper, a qual o traiu por “motivos de força maior” e morreu em seus braços. A morte dela alimenta um sentimento de vingança que o cega e faz com que ele cometa homéricas cagadas, descumpra ordens superiores e aja de maneira muito mais instintiva e emotiva durante sua missão.

Contudo, as organizações, ao menos pra mim, são tão complexas que me deixam confuso durante TODO o filme. Com freqüência me pego pensando, em meio aos tiroteios: “mas esse cara não era do bem? Por que eles tão se matando agora???”. Agentes duplos, traições, bond girls e outras girls quaisquer com atitudes e interesses estranhos... sei lá, não sei se sou burro, mas é TOO MUCH pra minha cabecinha.

Isso é aplicável para TODOS os filmes do 007.

Por isso, um filme de James Bond só fica completo após dar uma lida no roteiro do filme no IMDB ou Wikipédia. “Ah, é por isso que ele salvou o Bond aquela hora!”. “Daí que surgiu aquele cara...”. “Sabia que já tinha visto ele em algum lugar!”. Tudo simplesmente se encaixa e faz sentido.

[Fantástica também a referência feita no filme que chama os governos sul-americanos são chamados de corruptos. Sad, but true.]

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Regras para convivência na academia

Há longínquos 9 meses atrás, mais ou menos na mesma época que iniciava esse blog, passei a me dedicar a outra vontade pessoal que possuía. A idade chegando [vovô], o metabolismo não é mais o mesmo e a vida sedentária começava a apresentar seus sinais. Diante disso, resolvi dedicar uma mísera horinha do meu dia à academia.

Essa foi minha quinta tentativa e, desde já, a mais bem-sucedida. As melhoras foram sentidas não apenas não campo EMBELEZÍSTICO, mas principalmente na saúde, na disposição e no estado de espírito. Passei um inverno sem resfriado e deixar de ajudar a defesa nos jogos de domingo deixou de ser uma questão de falta de pernas. Agora é preguiça pura, mesmo.

Nunca havia passado de três meses de atividades nas tentativas anteriores, sempre resultado de professores desinteressados, invernos rigorosos ou – a mais séria das causas – a falta de noção dos demais “atletas”. Mas enfim, finalmente encontrei um estabelecimento que reúne as condições mínimas e satisfatórias para a realização das atividades físicas do dia-a-dia.

Vejam bem: MÍNIMAS e SATISFATÓRIAS, porque os sem-noção estão por todo lado.

Tiazona que recém entrou na academia: em dois dias os exercícios ainda não fizeram resultado. Por favor, cubra seu abdômen e pare de se comparar com as menininhas.

Senhor marombadão: soltar gemidos e grunhidos só chamarão a atenção de maneira NEGATIVA. Sim, ao contrário do você pensa. Também, favor ler com atenção os avisos de cuidado ao soltar os pesos no chão e nas máquinas. Ou peça para alguém explicar, caso a compreensão esteja muito complicada.

Magrinho que começou ontem: de novo, os resultados não aparecem assim, da noite pro dia. Pare de se espremer em frente ao espelho com aquela cara de “uh, gostosão”. É PATÉTICO.

Menininha gostosinha da academia: pare de MIAR.

Professores e demais freqüentadores: favor dedicar máxima atenção ao propósito da coisa toda: os exercícios. No mundo existem mais coisas além de futebol e das guriazinhas que por lá passam. E, o mais importante, por mais que vocês digam o contrário, caso a gostosa da academia seja encontrada solita na noite, NINGUÉM VAI FAZER NADA.

Ok? Ok.

[Atentem: Segundo post enviado direto do escritório, onde, por sinal, nesse momento uma pessoa passa seu tempo com aqueles joguinhos de guerra em primeira pessoa. THE BUCKET IS GONE]

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Esse estranho elemento ao oeste

Depois de dois meses freqüentando diariamente a municipalidade de Triunfo, retorno para Porto Alegre no dia de hoje. Coincidência ou não, o sol marca forte presença, tornando o cenário visto das janelas do escritório ainda mais impressionante. Para um lado, o parque Marinha, o Beira-Rio, no fundo o museu do Iberê. Para o outro lado, o parque da Harmonia e o Gasômetro. Impossível não pensar por que a cidade virou as costas para o rio.

Logo hoje que vim para cá, inaugura-se o Barra Shopping Sul (aliás... pior nome. Por que não mantiveram a idéia inicial, de Cristal Shopping? Muito mais “identificável”. Paciência). Não tive a oportunidade de por lá passar, mas pelo que vi nos jornais, finalmente deram um jeito naquela vergonhosa Diário de Notícias, uma faixa de asfalto podre que costeava o rio.

Além disso, me deparei com as novidades patrocinadas pela Pepsi na orla, no trecho entre o Gasômetro e a Ipiranga. Pode ser muito pouco colocar umas quadras, pintar os meios-fios e os postes, mas convenhamos, ao menos é alguma coisa.

E por fim, avisto o famigerado Pontal do Estaleiro. Minha intenção não discutir o tal projeto apresentado e aprovado – sabe-se lá por quais maneiras – na Câmara de Vereadores. Porém, a atenção provocada por esse assunto para aquele pequeno pedaço de terra enfiado dentro do Guaíba parece que reacendeu uma discussão muito maior entre os cidadãos que aqui vivem.

Será que não é possível aproveitarmos melhor a nossa orla? O que falta para isso acontecer? O nosso povo, tão POLITIZADO e BRIGADOR, vai ficar esperando até quando para ter espaços de lazer decentes nessa cidade?

Espero que seja antes do que eu estou pensando.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Passatempo

A história que eu vou contar agora está acontecendo NESSE EXATO MOMENTO.

Há um ano atrás eu era feliz. Tinha um emprego bom, trabalhava com algo que eu gostava. Ok, não era o emprego dos sonhos, mas o suficiente para me tirar da cama todos os dias da manhã sem maiores queixas. Eis que então, nesse mundo corporativo e capitalista, a empresa onde eu trabalhava foi adquirida por outra, maior. Diante do clima que tomou conta da companhia, os compradores aterrissaram com um discurso de crescimento e oportunidades. Me apresentaram uma: um projeto de integração das empresas. Algo tão importante que eu seria afastado das minhas atividades para dedicar-me exclusivamente a isso. Novos desafios, maior visibilidade, vamos nesse barco.

Passados alguns meses, cá encontro-me. O tal projeto, perto do seu término, já não traz demandas. A minha vaga já não existe mais, foi ocupada por outra pessoa. Eu, sem perspectiva alguma, venho todo o santo dia no escritório para fazer qualquer coisa, menos trabalhar. Mas não digo isso por falta de motivação minha. Simplesmente não há o que fazer aqui.

Não sei explicar bem quais motivos me impedem de pedir as contas. Um pouco pela esperança de que alguma coisa ainda apareça por aqui, talvez pelo medo de virar estatística de desemprego do IBGE, talvez por pura falta de coragem de romper com essa situação. O fato é que diariamente, preciso descobrir o que fazer diante de um computador durante oito horas do dia.

Se novos desafios era o que eu queria, todos os dias eu encontro um, agora. Acreditem: ficar sem ter o que fazer CANSA. Cansa muito mais do que um dia cheio de atribuições. Cansa o corpo, cansa a mente, cansa o espírito do vivente. Navegar pela internet é o que resta.

Começamos com aquelas coisas que são realmente úteis. Vamos verificar programas de cursos, pós-graduação, atividades que venham a completar o currículo. Feito isso, é hora de pensar atualizar o currículo e disseminá-lo na internet, afinal, aqui as perspectivas não são das melhores. Passamos a pesquisar outros sites, vamos ver quanto está valendo um carro, um apartamento em Petrópolis, uma câmera fotográfica nova. As opções vão se esgotando... sites de notícias, futebol, cinema, música... e hoje, na total e irrestrita falta de ter o que fazer, li alguns artigos na Wikipédia com a pretensão de adquirir conhecimento.

Tudo MUITO CHATO. Pra chutar o balde, falta só começar a jogar games online.

Ou então publicar esse post em plena quarta de tarde.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Primeira noite de Summertime

Sofrendo ainda com as mazelas de início de horário de verão (sono profundo), decidi aproveitar os benefícios desse artifício regulamentado pelo governo para economia de energia e resolvi gastá-las ainda mais nesta noite de Segunda fazendo uma das coisas que mais gosto nessa vida: caminhar. Para isso, chamei o cachorro da casa, o Gordão (que baba mas não morde), para sair pelas redondezas do bairro.

Apesar do sol já ter se escondido às 9 horas da noite, o clima agradável estava convidativo para o passeio. O pobre do bicho, que passa o dia todo enfiado em casa, quase enlouqueceu quando percebeu a movimentação para sair dela. Para mim, a companhia do cachorro possibilitaria uma caminhada noturna, ainda mais de meu gosto, com uma (talvez falsa) sensação de relativa segurança.

Alegres todos, partimos. Durante o trajeto, aproveito para colocar os pensamentos em dia. Refletir sobre a vida profissional, organizar as atividades de amanhã, lembrar daquelas coisinhas do dia-a-dia que precisamos comprar e fazer. De quebra, um exerciciozinho pra mexer um pouco com as pernas e o pulmão.

E o cão? Para ele, só uma coisa interessa: defecar e urinar em todos os locais possíveis. Todos TODOS. Sei que a zoologia tem uma explicação lógica para isso - algo a ver com demarcação de território eu acho. De qualquer forma, fiquei ali, olhando o bicho levantar a perna MIL VEZES, fora as vezes em que se enfiou no meio de arbustou porque, sim, evitar constrangimento ele sabe como fazer.

Vai entender...

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Tempos modernos

Já passavam das 20 horas e eu me alongava despreocupadamente na academia. Tudo estava absolutamente normal. O instrutor fazia vista grossa para minha preguiça enquanto conversávamos sobre TODAS POSSÍVEIS possibilidades de resultados do Campeonato Brasileiro no final de semana. Na sala ao lado, algumas pessoas pedalavam embaladas por ritmos dançantes estilos anos 90 - jamais entenderei.

A normalidade foi quebrada quase quando eu partia no momento em que uma criança surge no pequeno espaço sem equipamentos, destinado exatamente para o mais matado dos exercícios. Um cotoco, ele agitava na academia mexendo em praticamente todos os equipamentos, cordas e roldanas, sem qualquer tipo de supervisão. Ele é conhecido já dos pseudo-atletas. Seus pais comparecem ao clube com freqüência e obrigam o pobre piá, que pela voz fina e maneira de se expressar, tem cerca de quatro anos, calculo eu.

Não vou nem me ater ao fato de uma criança ser obrigada a passar quase todas as noites entre uma e duas horas pulando entre cross-overs, supinos e hammer-strengths (não me perguntem ao certo que diabos são essas coisas). Aliás, provavelmente se não estivesse ali, estaria exercitando apenas seus dedos em frente a um computador. Mas a conversa não é essa.

Voltando - estava quase saindo quando as teoricas metafísicas do Grêmio no Brasileirão foram interrompidas por aquela voz fina. "O que eu tenho na mão", perguntou ele escondendo as mãos atrás do corpo. O instrutor, de bate-pronto: "um celular". Correto ele estava. Para quê diabos uma criança de QUATRO ANOS tem um telefone celular?

Não me digam que é para emergências. Nessa idade, sempre há alguém mais velho acompanhando-o. Não vai sozinho em shopping, em praça, nem do portão do colégio sozinho ele passa. Não pensem que era um celular qualquer, também. Um Samsung tinindo de novo, visor colorido, de flip, uma beleza. Seguia o piá, pulando pra lá e pra cá, com aquela coisa brilhosa na mão.

E eu, com quatros anos, nem minigame do Tetris tinha.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Verdade absoluta

NOSSA.

Tô cansado.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Sí Se Puede Tour 2008 // Capítulo 9: Rua sem saída

Nada melhor que sair de Bariloche e ouvir que as pistas de esqui tinham sido abertas na manhã em que partimos. Nada melhor. Mas enfim, era hora de tomar o rumo de casa. Seguimos em direção a cidade de Neuquén deixando para trás as montanhas nevadas e, mais uma vez, acompanhando o curso de um rio, desta vez o Limay. A estrada, praticamente deserta. Todos aqueles cenários que tínhamos acompanhado por quase 20 dias ficavam apenas nos retrovisores. Triste, muito triste.

Reta reta reta reeeeta. Nenhuma curva

Passamos por Neuquén buscando notícias da Eurocopa e principalmente do mui-querido Racing, tentando escapar do rebaixamento no torneio local. Após algumas estradas incertas, chegamos a localidade de Choele Choel, onde iniciamos um incrível trecho de 133km de pura reta. Tão reto que um carro com geometria perfeita poderia cruzá-la sem motorista. Tão reto que se os condutores do veículo tivessem saído na noite anterior, teriam muito sono. E se fosse à noite, pior ainda. (E não foi assim?)

-Vai uma pane seca aí? -Não, prefiro conhecer Lanús

Já passávamos de Bahia Blanca quando o receio de uma pane seca nos fez retornar 40km até um local seguro para abastecer. Não esqueçam que combustível na Argentina é algo parecido como água no Saara (Ok, exagerei. Mas é por aí). Obrigado, Otávio. Não satisfeitos com essa perda de tempo, nosso navegador achou uma boa idéia entrar em Buenos Aires por Lanús e Banfield. Sob intensa neblina e ouvindo na rádio que a temperatura baixara em Bariloche (ódio), chegamos no hotel quando amanhecia, umas duas horas depois do previsto graças aos engarrafamentos suburbanos. Obrigado, Maurício.

Paiê, falta muito?

Buenos Aires é aquela coisa. Pubzinhos, cervejinha, restaurantezinhos, noitezinha... Opa! Noitezinha não teve. Prova de que segunda-feira é igual em qualquer lugar do mundo. Porém, tudo compensado com o Kansas. Só aqui você pode estar bêbado e comendo um belo naco de carne numa segunda-feira às 4 da tarde. I love this game. Mais um dia e o trecho final. Balsa até Colônia, mais uma carnezinha em Montevideo com final do campeonato uruguaio numa quarta-feira a tarde, e dê-lhe estrada. Eram quase 1h da manhã de quinta-feira quando o trajeto todo encerrou-se.

8.095km que valeram cada centímetro. Agradeço aos meus amigos que compartilharam isso comigo. Sem dúvida, algo para nunca mais esquecer. [Ok, momento clichê, eu sei. Mas foi necessário]

Mission acomplished. De volta à vida real.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Sí Se Puede Tour 2008 // Capítulo 8: Nós (e o Brasil inteiro) em BARILÓXI

Depois de mais de 10 dias viajando, vendo cenários impressionantes, porém quase sem o gostinho da vida noturna, nossa estadia em Bariloche era tida como a redenção festeira, tanto que para isso reservamos 4 dias na cidade. Logo na primeira noite, problemas: o quarto dito como triplo era, na verdade, um duplo com cama adicional. Além da distância de menos de 20cm entre uma cama e outra, o espaço era tão reduzido que as malas tiveram que ser alocadas em cima da televisão. Na manhã seguinte, nossas reclamações foram atendidas graças ao nosso amigo pseudo-portenho, com sotaque bonairense, que confundiu até o recepcionista do hotel - "Los brasileños son insoportables", disse ele, sem perceber sua origem. Ao final, trocamos para um quarto decente.

Para remover manchas de vinho, clorofila e detergente de cozinha

Logo no primeiro dia, começamos a perceber nosso maior erro de planejamento na viagem. Apesar de estarmos em pleno Junho, Bariloche recém estava prestes a iniciar sua média temporada, ou seja, a maioria das atrações turísticas estava fechada. A começar pelo Cerro Catedral, maior estação de esqui da América Latina, que não possuía a quantidade mínima de neve para abrir suas pistas. O clima, chuvoso, piorava a situação. Nos restou devorar um cordeiro patagônico, comprar umas garrafas de vinho e assistir a Eurocopa no hotel - que não ofereceu saca-rolhas. Azar o deles: a tática de empurrar a rolha fez espirrar vinho nas colchas, cortinas e até no teto.

Wilkenny: pub irlandês com funk carioca

Com o jogo entre Brasil e Argentina pelas eliminatórias, buscamos um local agradável (= sem brasileiros) para assistir ao confronto. Dureza. Local repleto de brasileiros. Sim, haviam alguns argentinos, mas eram minoria. Passada a quase derrota, as mesas foram movimentadas e inicou-se uma pachanga, porém 20min depois "um tapinha não dói" era o som que agitava o lugar. Não, eu não havia andado 6000km pra ouvir funk. Era ruim demais pra ser verdade...

Amor não correspondido

A manhã seguinte começou com uma ótima notícia: neve. Apesar disso, as pistas de esqui permaneciam fechadas. Nos restou seguir o roteiro original e conhecer as vizinhas Villa La Angostura e San Martín de Los Andes. Apesar da neve, a estrada estava aberta, sem necessidade de utilização de correntes. O cuidado redobrado não apenas pela pista escorregadia, mas também pela pouca visibilidade. Villa La Angostura é um vilarejo pequeno, distante 100km de Bariloche, sem maiores atrativos. Dali, parte um barco que cruza o Lago Nahuel Huapi até Bariloche, mas este não estava funcionando por problemas no licenciamento das empresas. Dali, mais 150km - parte em estrada de terra - até San Martín.

O rio nos guia

A estrada em péssimas condições era quase desapercebida devido a beleza da região. Contornando diversos lagos, rios e cascatas, a estrada cruza o Parque Nacional Los Arrayanes. Talvez aqui tenha sido o único trecho onde sentimos falta daquela caminhonete 4x4, tão endeusada por aventureiros. Contudo, o Civic cumpriu seu papel. San Martín fica encravado entre as montanhas, costeado pelo Lago Lacar. Uma cidadezinha com jeitinho alemão, ruas e construções simpáticas e - o mais importante - livre de brasileiros. 5km distante está o Cerro Chapelco, outra importante estação de esqui, também fechada na ocasião. O dia caía quando um erro na visualização do mapa nos faz ter que andar 250km de volta. No caminho, precipitação intensa de neve. Infelizmente, a noite não nos permitiu ver mais uma estrada fantástica que apenas as luzes do carro tentavam nos mostrar.

Photoshop? Parece mas não é

Conclusão do grupo: San Martín põe Bariloche no bolso. Aqui sim, é possível conhecer uma cidade autêntica, encantadora e com atrativos de lazer. Talvez tenhamos conhecido Bariloche numa época ruim, mas a impressão que tivemos é que a cidade é uma "Tramandaí dos Andes". Tudo muito turístico, muito forçado, nada original. Pior ainda com as pistas de esqui fechadas, o que nos obrigou a circular bastante pelo centro da cidade. Seguidamente, fomos assediados por vendedores de blusões, mantas e toucas que apenas pelo olhar identificam a procedência de todos e emendam um "português acastelhanado".

Bad Otávio

Após algumas noites de funk e reggaeton no tal Wilkenny, ouvindo muitos brasileiros elogiando Barilóxi, nossa estadia em Brasiloche chegava ao fim com um passeio ao Cerro Otto e sua confeitaria giratória, no topo da montanha, de maneira melancólica. Bariloche não foi nada do que esperávamos. Além disso, a nossa aventura se aproximava do fim. Um pit-stop em Buenos Aires e, logo, estaríamos em casa.

Um dia, tudo acaba.

domingo, 3 de agosto de 2008

Sí Se Puede Tour 2008 // Capítulo 7: Mais um dia daqueles

O dia começou cedo aquela terça-feira em Puerto Varas. Aliás, cedo demais. Quando acordamos, às 7h30, ainda era noite fechada. O Sol só deu as caras por volta das 9h. Nossa tarefa era retornar à Argentina, em direção a San Carlos de Bariloche. Não exatamente um cruze, pois Bariloche está situada na Cordilheira, numa parte mais baixa, com altitude próxima a 1500m sobre o nível do mar. O caminho mais curto é retornar direto a Osorno e seguir na direção leste. Porém, os vulcões nos chamavam do outro lado do lago Llanquihue, e resolvemos contorná-lo.

Visual bem feio: vulcão Chabulco a esquerda e lago Llanquihue

Passados 50km, chegamos na entrada do Parque Nacional Vicente Perez Rosales. Vimos a entrada e pensamos "por que não entrar?". Seguimos por aproximadamente 10km dentro da mata fechada, até em seguida o cenário mudar: subidas íngrimes e o cume do vulcão Osorno. Subindo, subindo, subindo até a base do vulcão, onde se encontra uma estação de esqui. Talvez o visual mais impressionante da viagem. Estávamos sobre as nuvens, com todo o lago Llanquihue na nossa vista. O vulcão, tão próximo. Por lá ficamos alguns minutos, fotografando o local por absolutamente todos os ângulos.

Use freio motor

Descemos de volta e seguimos por uma estrada de terra mais 25km. Alguém viu algum problema? Não. Impossível. Costeando o lago, com casinhas no pé da montanha e vacas cruzando a estrada... Ah, quer saber? Olha a foto aí embaixo.

Alpes suíços? Não, região dos lagos chilenos

Passada a estrada de terra, retornamos até a cidade de Osorno, sempre observados pelo vulcão homônimo. De lá, seguimos em direção ao Paso Cardenal Samoré, fronteira Chile-Argentina. Na cidade de Entre Lagos, tínhamos a última oportunidade de fazer uma refeição digna. Apesar de ninguém ouvir a sugestão de irmos num lugar que tivesse muitos caminhões (sinal de comida honesta), resolvemos perguntar aos habitantes qual o melhor restaurante da cidade. Fomos encaminhados a um estabelecimento localizado na beira da estrada... com muitos caminhões estacionados ao lado. Lá, gastamos nossos últimos centavos chilenos - mais pela grana estar curta do que pela necessidade de livrar-se da moeda. Agradecemos a garçonete pelo "desconto" na conta e tocamos o barco.

Big Brother

A viagem seguia monótona até entrarmos no Parque Nacional Pueyhue. Dali, iniciamos um trajeto bem diferente do primeiro cruze, onde a região árida parecia mais um deserto. Ali, uma floresta, cascatas e lagos nos acompanhavam ladeira acima, rumo a Argentina. A aduana chilena, espertamente localizada na parte baixa da floresta, uns 20km distante da fronteira, ficara para trás. De repente, estávamos de novo com neve nas laterais da estrada. Atenção redobrada, pois poderia haver gelo na pista. Paramos para fotos na fronteira. Chamando a atenção pela placa brasileira, fomos abordados por um trio de cariocas que se dirigia a Osorno para comprar eletrônicos... (que diabos?!?). Comentamos sobre nossa viagem e mostramos as fotos feitas nas horas anteriores. Fizeram cara de que nem sabiam que aquilo existia. Negócio mesmo era ir pro Chile comprar eletrônicos (???). Nos planos deles, era possível ir a Osorno, voltar e ainda ir até San Martin de Los Andes, 150km distante de Bariloche. Ainda naquele dia. Considerando que eram 17h e a fronteira fechava às 20h. E que a estrada para San Martin é de terra. Boa sorte...

Esquerda, Argentina; direita, Chile

Enquanto a tarde caía, continuávamos em nossa viagem rumo a Bariloche. Ainda teríamos que contornar o lago Nahuel Huapi por aproximadamente 100km, e assim o fizemos. Continuamos a parar para fotos enquanto ainda havia luz do dia. Quando avistamos Bariloche do outro lado do lago, a noite já tinha caído e a cidade estava iluminada. Outro dia de cenários impressionantes havia terminado.

A viagem poderia terminar aí mesmo.

domingo, 20 de julho de 2008

Sí Se Puede Tour 2008 // Capítulo 6: Entre estradas, cachorros e cabanas

O Domingo ia terminando quando iniciamos o trecho de 1000km que nos levaria até Puerto Varas, cidadezinha próxima à Puerto Montt, em direção ao Sul do Chile. Ao invés de seguir no caminho mais lógico e seguro, via Santiago, resolvemos tomar uma rota passando por estradas secundárias - iguais, de boa qualidade. Parece que seja qual for o caminho, o Chile oferece cenários incríveis. Cruzamos por montanhas, lagos e vilarejos interessantes. Já era noite quando atingimos a Ruta 5.

Programação cultural quentíssima em Casablanca

A Ruta 5 cruza o continente de cabo a rabo, desde o Alasca até Puerto Montt, com mais de 9000km de estrada. Por isso, recebe também o nome de Rodovia Panamericana. trecho de Santiago até o sul conta com apenas 14 pedágios, cada um custando o equivalente a R$ 8. As condições, porém, valem o investimento. Pista dupla extremamente bem sinalizada, asfalto liso e a companhia dos Andes à esquerda durante todo o tempo. Acompanhados pela rádio Bio-Bio Deportes, seguimos até Chillán ouvindo a vitória chilena sobre a Bolívia pelas Eliminatórias. Comemoração intensa dos radialistas, que gritavam goooool por 3 minutos a cada vez que La Roja balançava os cordéis altiplânicos.

Estamos indo na direção certa?

Metade do caminho, Chillán não tinha muito a oferecer, ao contrário do que pensava este que vos escreve, que a confundiu com Pucón, esta sim cidade turística. Nos restou bater um sanduíche delicioso no pacato centro da cidade e recolher-se, já que no dia seguinte a viagem prosseguiria. Naquela manhã, então, saímos sob frio intenso. Em Temuco, nos programamos para almoçar. A eleição por um restaurante alemão recomendado em nosso guia terminou sendo frustrada, já que no endereço citado nada havia. Era no miolo do Centro da cidade e o caos imperava. Transtornados, tomamos o rumo do mercado público local, que ficava a uma quadra dali. Após insistentes propostas de funcionários dos restaurantes - mas assim, insistentes MESMO - decidimos por um qualquer, que ofereceu um saboroso salmão a um preço bastante honesto.

Uma dupla infernal: vulcões Osorno e Chabulco

Fim de tarde quando chegamos em Puerto Varas, cidadezinha de colonização alemã a 20km de Puerto Montt. A primeira impressão é que estávamos em Gramado, descontando o lago Llanquihue, que costeia a cidade, e a vista dos vulcões ao fundo. Após um rápido rodeio pelo Centrinho, tínhamos que encontrar alojamento. Uma das opções que pareciam mais atraentes eram cabanas rústicas situadas na beira do lago, mas logo percebemos que três machos procurando por uma cabana não era a nossa cara. Após muitas piadas sobre as preferências sexuais dos viajantes, acabamos nos hospedando em um hotel mesmo.

Melhor amigo do homem

Mesmo com uma noite gelada, saímos a bater perna e conhecer a cidade. Destaque para a belíssima pizza de chorizo degustada no bar que, dizem, é freqüentado por loiras danesas. Porém, a noite de segunda em Puerto Varas só é quente se colocam pimenta na beira do teu copo de chopp, lhes garanto. Foi melhor se contentar com a companhia dos cachorros, que nos perseguiam aonde quer que fossemos.

Na manhã seguinte, muito chão e neve pela frente.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Sí Se Puede Tour 2008 // Capítulo 5: As aparências enganam

Deixamos Santiago meio contrariados, porém conformados pois tínhamos um roteiro a cumprir. Após uma rápida viagem, chegávamos à Valparaíso, recomendadíssima na capital chilena, fato que criou certa expectativa. Primeiramente, costeamos o porto e chegamos até a costa sul da cidade, local aparentemente mais novo, exatamente quando sol se punha sob o Oceano Pacífico.

Tá vendo lá no fundo? Nova Zelândia

O sol baixou, a temperatura caiu e nós nos metemos na cidade. Senti falta do Centro de Porto Alegre. Carros carros carros gente gente gente buzina buzina buzina tudo-parado-nada-se-mexia. A cidade deu a impressão de ser velha, suja, bagunçada. Os hotéis indicados no guia que levávamos conosco tinham fachadas assustadoras. Todos os caminhos nos levavam à vizinha Viña del Mar.

Estabelecimento comercial não-identificado. Talvez uma mercearia, talvez...

E Viña era, de fato, mais agradável. Pudera, a cidade foi construída para o turismo, com ruas largas, edifícios modernos, praia e cassino. Acompanhamos a vitória gremista contra o Goiás pelas ondas cibernéticas da Gaúcha e fomos jantar no mui atrativo Delicias del Mar, talvez o melhor restaurante da viagem. Ao final da janta, fomos convidados* a tomar um licor.

* Convite = 4000 pesos = 14 reais. Cada. (= pega-turista)

Estamos salvos!!!

Na manhã seguinte, iniciaríamos um trecho de 1000km até a Região dos Lagos, mas não sem antes darmos uma volta para conhecer melhor as cidades. Durante o dia, Viña mostrou semelhanças à outras cidades litorâneas brasileiras, como Camboriu (só que sem os bagaceiros). Em seguida, voltamos à Valparaíso, acreditando ainda no que toda a população de Santiago e nosso guia diziam.

Não tem Plano Diretor aqui, não?

Enfim, descobrimos porque a cidade tem o simpático apelido de Valpo. No Domingo, sem aquele quilombo do dia anterior, foi possível caminhar tranqüilamente nas ruas, subir os elevadores (aproximadamente 200 anos de utilização - manutenção duvidosa) que levam para a parte alta da cidade, onde as casas coloridas amontoadas formam um cenário peculiar que chama a atenção. Porém, infelizmente não tínhamos mais tempo.

Hora de ir ao encontro dos vulcões.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Sí Se Puede Tour 2008 // Capítulo 4: Money talks

Apesar dos transtornos na hora de entrar na cidade (quando quiserem dicas de como fazer isso, não falem comigo), chegamos ainda animados com o que recém tínhamos visto. Resolvemos comemorar o êxito do cruze andino na muito falada Calle Suecia, onde supostamente estariam os bares mais movimentados da cidade. Supostamente. Tal rua nada mais era que um tremendo engodo, repleto de bares e restaurantes com figuras caricatas na recepção e bandeiras dos mais variados países nas portas (= pega-turista). Caímos num deles, atendidos por uma simpática moça que nos deu dicas da noite chilena. Após uma janta modesta, fomos convencidos pela hostess a ir para um tal de Sala Murano. O que não sabíamos era que em tal lugar só se podia desfrutar um reggaeton diliça. Após algumas doses de vodka, a música não ficou tão ruim e o ambiente era até agradável.

Zuropa? Não, Santiago do Chile

Mas se Santiago aparentemente carecia no quesito vida noturna, a capital chilena põe qualquer outra cidade brasileira no bolso quando o assunto é desenvolvimento. Hospedamonos no bairro financeiro da cidade, El Golf, repleto de prédios modernos com design arrojados, tipo das zuropa. Diferente da Argentina, em Santiago é muito difícil encontrar carros antigos. As ruas, apesar de movimentadas, são largas e relativamente tranqüilas (poucas pessoas buzinam no trânsito). A cidade possui vias subterrâneas que cruzam vários bairros e facilitam o tráfego. Os bairros, por sinal, em sua maioria são bastante limpos e organizados, isso tudo com a Cordilheira nevada ao fundo. Coisa bonita de ser ver.

Viu só que belezura?

No meio da cidade, um morro - Cerro San Cristóbal - oferece uma vista privilegiada da cidade, além de uma Erdinger bem servida. No Centro, após almoçar no Mercado Público (= mais um pega-turista), conhecemos o histórico Palácio de La Moneda, palco do golpe de Estado que levou Pinochet ao poder na década de 70, após o "suicídio" de Salvador Allende. Também conhecemos as míticas (futebolísticamente falando) sedes da Universidad do Chile e da Universidad Catolica, além do próprio Estádio Nacional, também lembrado por servir de prisão e local de vários assassinatos na época da ditadura. Aproveitamos um descuido dos seguranças e até no campo entramos. As dependências, no entanto, mostraram-se um tanto antigas. O estádio parece muito maior na tevê. A vinícola Concha y Toro, distante 60km do centro, também recebeu nossa ilustre presença.

O portão tá aberto? Entrei

Além do (agora, já sóbrio) sofrível Sala Murano, Santiago conta com uma espécie de Cidade Baixa. No bairro Bellavista, aos pés do San Cristóbal, barzinhos estilo low-cost dividem espaço com outros locais tão simples quanto, porém mais caprichados e modernosos. Mas o grande achado estava perto do Centro, numa galeria inóspita, freqüentada por "góticos", como diria a mal-informada hostess citada no primeiro parágrafo. Blondie. Definição: tudo que o Beco queria ser, mas não é. Descendo suntuosas escadarias, com largas colunas antigas, chegava-se à primeira pista. Pequena, com um telão na parede, ao som de Franz Ferdinand, Arctic Monkeys e Libertines, entre outros. No outro salão - do tamanho de duas quadras de futsal - uma festa anos 80 pegada, com DJs mixando as músicas e não apenas apertando o play, como acontece na superestimada Balonê. Difícil escolher aonde estava melhor. De uma pista para outra, de uma pista para outra, até quase 6h da manhã. Melhor som. Melhor.

Dia seguinte. Hora de chegar no litoral (do lado de lá).

domingo, 6 de julho de 2008

Sí Se Puede Tour 2008 // Capítulo 3: 350km em 7 horas


Mendoza

Km 0 - 11h20

Km 110 - 12h29

Km 180 - 14h10

Km 230 - 15h11

Km 250 - 15h52

Km 270 - 16h50

Km 300 - 17h30

Santiago

(Palavras não são necessárias)

sábado, 5 de julho de 2008

Sí Se Puede Tour 2008 // Capítulo 2: Tomba de Primera

Depois de merecidas horas de sono, despertamos e saímos a conhecer a cidade. Mendoza é relativamente pequena, apesar do território grande e da numerosa população, já que as áreas de interesse se restringem a duas ou três ruas e um imenso parque que fica na margem oeste da cidade, aos pés da Cordilheira. Primeiramente, caminhamos pelas ruas do centro. Disfrutamos da nossa primeira parillada e, estranhando a pouca movimentação na cidade, fomos informados pelo garçom - que volta e meia fatura umas gringas, como ele diz - que aos Domingos todos vão ao tal parque. Então, fizemos o mesmo. Realmente, a cidade inteira estava no parque, imenso, com clubes, canchas de tudo que é esporte, velódromo e um magnífico estádio utilizado na Copa de 78, que segundo os entendidos e conhecedores do velho continente lembram muito Berlim. Pela noite, ruas pacatas; nos restou assistir Lanús x Boca em um bar.

Oi! Meu expediente só termina às 16h!

No dia seguinte, tudo pronto para sair quando uma ligação muda os planos. Maurício tem que finalizar algo urgente que não pode esperar. Saio com o Otávio para - de fato - conhecer a cidade com ela funcionando. Depois de aguardar vários só mais 10 minutinhos, conseguimos sair para os vinhedos no final da tarde. Tarde demais até. Ao chegarmos na Chandon, tudo fechado. Só restou a Norton, onde degustamos apenas - nada de tour.

Uma coloração densa, aroma frutal com vestígios de tabaco. Ou seria chocolate? Caramelo? Ah, sei lá...

Decididos a fazer algo que marcasse a passagem por Mendoza, jantamos na parrillada mais imponente da cidade. Um assado de tira fenomenal. Melhor da vida, certo. Poucos metros dali, o time da cidade, Godoy Cruz, jogaria contra o San Martin de Tucumán, partida que marcaria o encontro da equipe, recém promovida à primeira divisão argentina, com a torcida. Sim, era jogo da segundona argentina.

Vamo vamo Godoy Cruz... Hoje eu vim te apoiar...

Apesar da sugestão do garçom de irmos de popu (popular, atrás do gol), ficamos um pouco temerários quanto a condição demográfica do local e resolvemos pagar de grandões, indo de platea coberta por míseras 15 pratas cada um - 5 dólares. O frio de lascar no Estádio Malvinas Argentinas (= Falklands) não esfriou os ânimos do Tomba (apelido carinhoso do clube local), que venceu com por 2 a 0, destaque para o careca meio-campista que marcou um dos gols. Presentes também estavam vários cachorros, provavelmente moradores do parque, e um mapa das Falklands ao lado do placar eletrônico. Fim de partida, trocamos a festa nas ruas da cidade pelo bar com pior atendimento da Terra. Depois de vários erros nos pedidos, a passagem por Mendoza estava encerrada.

Era hora de cruzar pelas montanhas dos Andes.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Sí Se Puede Tour 2008 // Capítulo 1: Clube Irmão Caminhoneiro Shell

Já eram quase 5h daquele Sábado e nós cruzávamos o vão da Ponte do Guaíba, marco zero do que planejamos durante os quatro meses anteriores. A viagem começava com atraso de quase 12 horas, já que as coisas ruins acontecem sempre nas horas mais impróprias e o Mauricio ficou preso no escritório até poucos momentos antes do início de tudo. Mas enfim, lá estavámos tomando o rumo oeste, ainda sob a escuridão. Passados 600km e algumas tentativas de romper a barreira do som, no final da manhã passamos a mui simpática Ponte Internacional Brasil-Argentina, chegando ao município de Paso de Los Libres.

RBS Mente! Argentina = verdade absoluta

Distantes mais de 2000km, Mendoza seria nossa primeira cidade a ser visitada. Se saíssemos no horário combinado, chegar até lá seria impossível. Mesmo dormindo 6h antes, sabíamos que nosso objetivo era tocar até onde o corpo agüentasse. Santa Fé, Córdoba talvez. Para piorar, começamos a sofrer com a falta de gasolina no país vizinho. Por precaução, o tanque nunca devia ficar abaixo de 1/4 da sua capacidade. Contudo, o primeiro susto aconteceu logo no primeiro trecho em solo platino. As várias cidades que constavam nos mapas não passavam de humildes vilarejos; a estrada considerada principal era uma faixa de asfalto no meio do nada, sem sinalização no chão e placas sequer. A tensão tomou conta até que apareceu a acolheradora "cidade" de San Jaime de La Frontera, onde abastecemos e almoçamos.

Ansiedade para conhecer o cozinheiro do local

Seguimos com tanque e barriga cheios e, pelas contas do nosso navegador, chegar até Mendoza naquela noite passou a ser uma possibilidade, ainda que dependesse de fatores externos. Fatores esses que contribuíam com nossa missão: gasolina disponível, estrada vazia, pista plana e quase sem curvas. Era metade da tarde quando chegávamos à cidade de Paraná, muito antes do previsto. Ali, teríamos que passar por um túnel por debaixo do Rio Paraná até a cidade de Santa Fé. Aí, a sorte esvaziu-se. Pista bloqueada, fomos informados pela polícia local que o túnel havia sido interrompido não fazia sequer meia hora por caminhoneiros. Os hermanos sofrem com o problema do campo. Taxados abusivamente pelo matrimônio presidencial Kirchner (só na Argentina mesmo...), os ruralistas resolveram protestar bloqueando estradas e impossibilitando a chegada de alimentos à população. Os transportistas, com suas cargas paradas nos vários bloqueios, também protestavam, fazendo... bloqueios!

Enquanto crianças jogavam bola no outro lado da pista, estudávamos alternativas com os locais. Nenhum sucesso. A paralização era geral. Só nos restava aguardar e torcer para uma solução rápida. A polícia nada fazia. "Isso é problema do governo federal", diziam. Ótimo: a polícia organiza o protesto, ninguém se movimenta na cidade e a culpa é do sistema. Maravilha.

Irmão caminhoneiro! Obrigado e boa viagem!

Quando era criança, assistia ao Clube Irmão Caminhoneiro Shell nos domingos de manhã, na Bandeirantes. "Ser caminhoneiro deve ser legal, conhecer vários lugares, que bacana!" pensava. Piá é ingênuo pacas.

Três horas e meia depois, houve um acordo e a pista foi liberada, mas não sob tranqüilidade. Ameaçavam bloquear todas as rotas do país. Parar a Argentina. Chegar em Mendoza naquela noite virou questão de sucesso do planejamento da viagem.

Alternando no volante, eu e Otávio comandávamos a viagem conduzindo um Mauricio quase sem dormir na carona. Em Santa Fé, mais dificuldades para abastecer. Seguimos via Rio Cuarto, passando por piquetes dos caminhoneiros que ficavam a noite nas beiras das estradas sob o fogo de pneus queimados.

Pista em más condições, sinalização inexistente, cansaço. Na madrugada, um minuto de descanso do navegador nos faz perder uma saída e andar 40km além do necessário. Retomamos o caminho certo e, quando parecia que as coisas continuariam complicadas, eis que surge o oásis: uma estrada de pista dupla e iluminada e toda sua extensão nos 100km que ligam San Luís à Mendoza.

Às 5h de Domingo, ela surge. Mal podemos acreditar. Na escuridão, o único sinal do Andes é um ponto de luz alto, no horizonte. Importante é que a cidade estava ali, o hotel estava ali e, o mais importante, nossas camas estariam ali.

A viagem estava apenas começando.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Acabou a espera

Chegou o grande dia. Amanhã, saio em busca d'O QUE HÁ DO LADO DE LÁ DO PAREDÃO.

Em breve, conto tudo.

¡Saludos!

segunda-feira, 26 de maio de 2008

terça-feira, 20 de maio de 2008

Divirta-se?!?

Sempre fui uma pessoa noturna, sempre. Desde piá, férias significavam ficar acordado até tarde. Não interessa qual atividade, o simples fato de estar desperto nas altas horas da noite já gerava alegria suficiente para mim. Jamais esquecerei aquele Carnaval de 1992 (ou seria 1993? Alguns fatos PARECE que eu esqueci) em que, motivado pelas Escolas de Samba - quem diria - assisti ao nascer do Sol, talvez pela primeira vez...

Pois a adolescência foi chegando e com ela, as festas. Bons tempos de reuniões dançantes. Depois vieram o Cord, Porca & Parafuso e Quebra-Tudo no União, eventos no Juvenil, Libanesa e outros locais memoráveis. Que função naquela época. Nada de "ver como está o lugar". Era uma festa só, discutida desde a segunda-feira anterior, que acabávamos indo de táxi e, quando tínhamos sorte, um pai generoso ia nos buscar.

Chegou a era da carteira de motorista. Liberdade ainda que tardia... Podíamos sair por aí, escolher onde ir, se tocar para São Leopoldo, Gramado, ou até mesmo só ficar dando voltas por aí, sem entrar em lugar algum. A vida noturna na sua melhor forma.

Hoje, alguns anos depois, digo: CANSEI DA NOITE. Chega. Quero acordar às 6h da manhã todos os dias e caminhar no Parcão (ok, estou forçando a barra). Toda vez que saio, recebo um sincero desejo de "divirta-se" da minha mãe, que há tempos ouve minhas lamentações nos domingos pela manhã. Vejamos...

- Vamos estacionar o carro? As opções são deixar o carro na rua (e o coração na mão), sendo ALVEJADO por ataques de flanelinhas enlouquecidos; deixar o veículos em estacionamentos prestes a desabar a qualquer momento, arriscando que algum líquido corrosivo proveniente de tubulações dos tempos dos dinossauros pingue no capô; deixar 15 reais na mão de um manobrista mais preocupado em jogar seu carro em qualquer canto para poder manobrar o próximo o mais rápido possível.

- Vamos entrar em algum lugar? Não antes de encarar uma fila - não interessa se é verão ou inverno - ou então deixar boa parte do soldo nas mãos de uma pessoa mal-encarada atrás de uma janelinha. Também, podemos ficar observando os famosos furões ou aquelas pessoas super importantes que tem nome na lista. Azar o nosso, que somos da ralé.

- Estamos no lugar! Beleza!!! Então agora é hora de preparar nossos cotovelos, pois precisaremos dele para chegar até o bar. Sim, eu QUERO MUITO consumir, apesar da insistência dos proprietários em deixar essa tarefa mais difícil. Também devemos nos preparar para a árdua tarefa de satisfazer nossas necessidades fisiológicas. Afinal, alguns banheiros devem ter vazamentos severos pois estão sempre com o piso encharcado. Lavar as mãos, além de parecer facultativo para muitos, já é complicado sem o papel-toalha, imagine sem sabonete. Sim, isso acontece.

- Uaaah! Chega! Vamos embora!!! Levaremos conosco o ETERNO ODOR DE CIGARRO que, onipresente, nos acompanhará não apenas nas nossas roupas, mas também nos nossos cabelos, no nosso pijama e até mesmo no lençol de nossa cama. Abra beeeem a janela no dia seguinte e torça, mas torça muito para um belo dia de sol.

- E no dia seguinte? Dor de cabeça, cansaço, sensação de que dormimos um sono pela metade. Isso sem considerar o fator alcoólico, que deixa tudo ainda mais doloroso.

O pior de tudo é sentir que nada disso valeu a pena.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Impossível pensar em outra coisa

O que tem do lado de lá desse paredão?

Quem criou as férias certamente o fez com a intenção de reservar às pessoas um período de tempo em que pudessem dedicar-se a uma atividade particular, arejar a cabeça e descansar. Quem criou as férias certamente não imaginou que alguém a utilizaria unicamente para enfrentar longas viagens, exigir esforço físico do corpo durante todo tempo e, por conseqüência, voltar MUITO MAIS CANSADO do que se estava antes de partir. Unicamente sim, porque entre a saída e o retorno, somente algumas 10, talvez 12 horas não serão gastas com coisas que não fazem parte da viagem que contarei a seguir.

Desde Fevereiro de 2005 (ou seja, aproximadamente 3,5 anos atrás), na minha primeira visita às cidades de Buenos Aires e Montevideo, a região rioplatense passou a exercer um poder de atração brutal sob a minha pessoa. Poder esse que me permite a afirmar coisas como "no mesmo período, fui mais vezes à Buenos Aires que para Gramado, onde tenho estadia garantida". Pode ser o cúmulo pensar que, teoricamente, 1.100km pareçam mais pertos que 126km, mas é a verdade. Mas os motivos que levam à isso serão discutidos num post futuro.

Na minha quinta passagem pelos países do Conesul, finalmente irei concretizar um antigo desejo: ver o sol se pôr no oceano; cruzar os Andes; ver o que existe no lado de lá desse paredão. Cruzando Mendoza, Santiago, a região dos lagos chilena e Bariloche - com uma paradinha em Buenos Aires, porque ninguém é de ferro. Serão aproximadamente 6 mil quilômetros a serem rodados, algumas partes em altitudes superiores a 3 mil metros, costeando o teto das Américas, o Aconcágua, e outros vulcões, alguns ativos no país magro. Pode-se não estar ansioso para que isso chegue rapidamente?

Por isso, as jornadas custam a passar. Conto os dias assim como nos filmes os presos contam os seus na prisão: riscando, traço a traço. Ao mesmo tempo que a mente vai se afastando, pra lá da Cordilheira, ela precisa estar de volta logo, pois há muito trabalho a ser feito antes de poder partir. Sair do emprego com a certeza de que todas as precauções foram tomadas e que não ficaram pendências garantirão a tranqüilidade nos altos das montanhas de neve. Mas como fazer isso, se só consigo pensar nas montanhas de neve?

Enquanto isso, eu sigo contando. ||||/ ||||/ ||||/ ||||/ ||||/ |

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Quando a rotina se quebra

Há mais ou menos uns cinco anos, minha noite de domingo é reservada para a prática do nobre esporte bretão, o futebol. Essa rotina foi criada para ser uma maneira de encontrar os amigos de longa data e, também, para evitar o marasmo e a melancolia que tomam conta dessa noite particular. Pois ontem, tudo que NÃO HOUVE foi rotina.

Terminada a partida (que, por coincidência, foi extendida em 10 minutos por cortesia do vivente que coordenava o estabelecimento), eu e os demais "atletas" tomávamos o rumo de nossas casas. Seguíamos como de costume pela Rua Professor Pedro Santa Helena, no Jardim do Salso, quando, de repente, algo um tanto diferente surge: um carro virado de ponta-cabeça.

Ao menos, essa foi a impressão no momento. Paramos e espiamos, ainda tentando entender o que havia ocorrido, de dentro dos nossos veículos. Correria, gritos, uma senhora chorando. Aquilo recém acontecera. Haviam pessoas dentro do carro. Prontamente, saímos a ajudar.

A moça, uma mulher de 20 anos, batia no vidro desesperada querendo sair do veículo. Foi rapidamente desencorajada pelos que ali estavam, avisada dos ferimentos que a janela quebrada poderiam provocar. Em seguida, o porta-malas foi aberto. Ela e o filho, de 5 anos, auxiliados pelos que ali estavam, saíram ilesos. A senhora, provavelmente a avó do piá, o carregou para dentro de casa, ainda soluçando.

Todos que ali estavam apresentavam muito mais disposição do que conhecimento sobre o que fazer naquele momento. Também, tu estás indo pra casa, domingão acabando e, quando se dá conta, duas pessoas estão em um carro com o assoalho para cima, gritando desesperadas. Parece que uma obrigação, uma responsabilidade toma conta de todos, de ter que fazer alguma coisa, fazer de tudo para que nada aconteça. O ambiente todo se desenvolve dessa maneira. Faz-se muito, pensa-se pouco. Ainda bem que algumas pessoas estavam centradas, mantendo a tranqüilidade, sabendo a coisa certa a fazer.

Por sorte, ninguém se feriu. Apenas um susto.

A rotina termina quando menos se espera.

PS: Tal fato virou notícia em vários veículos. Não viu? Então clica aqui, aqui e aqui, ou então no sempre muy bien escrito Longe Demais...

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Deu branco

A publicidade surgiu com o objetivo de ser o canal de informação entre uma empresa e seu mercado, geralmente tentando convencer seus consumidores a comprar seus produtos. Agora, em 2008, estamos mergulhados em um mundo conectado com acesso quase que irrestrito a qualquer tipo de informação sobre qualquer tema. Canais de TV a cabo, antenas parabólicas, telefones celulares, internet. Existem ZILHÕES de maneiras de se informar e ser informado sobre absolutamente TUDO, esteja aonde estiver.

As mentes que criam essas comunicações adaptam-se ao mercado, às suas características. A criatividade aparece para nos surpreender e ajudar a fixar uma marca ou despertar o desejo de consumir. As opções de mídia existentes hoje abrem o leque de possibilidades onde estas mentes podem trabalhar e deixar suas idéias fluírem.

Agora, POR QUE DIABOS ANÚNCIOS DE PASTA DE DENTE E SABÃO EM PÓ SÃO SEMPRE IGUAIS??? Será que não existe uma cabeça criativa a fim de desenvolver melhor essa idéia de LIMPAR e DEIXAR TUDO MAIS BRANCO??? Não posso entender. OK, dirão coisas do tipo "mas é esse o objetivo desses produtos". Correto. Assim como os anúncios de TEEM eram para "matar sua pior sede" e, mesmo assim, coisas como o cidadão de casaco de pele comendo batata frita na praia marcaram a minha pré-adolescência.

Não me venham mais com essa conversa de "MEU DENTISTA RECOMENDA" ou "ESTÁ CLINICAMENTE COMPROVADO". Ah, o teu dentista recomenda? E eu com isso? Nem conheço ele! Aliás, não sei nem se ele existe. E outra coisa: clinicamente comprovado POR QUEM???

Tão abominável quanto esse tipo de abordagem são esses anúncios de equipes com caixas de sabão em pó INVADINDO casas com seus produtos e ENCANTANDO as senhoras que por lá estão. Ou então lençóis sujos de lama, molho de tomate, Coca-Cola, sangue, lodo, graxa, lava vulcânica e sei-lá-mais-o-quê saindo numa BRANCURA SÓ das lavadoras. Há uns 214 anos, Omo garante que tira todas as manchas e, ainda assim, lançam novos produtos que tiram AINDA MAIS manchas!!! É possível isso??? O mesmo acontece com a Colgate e seus similares.

Alguém ainda acredita nisso??? Eu não. Cansei de ter meus mui divertidos programas de televisão interrompidos por donas de casas falsas e uns babacas todos sorridentes.

Vão criar outras coisas...

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Tudo que sobe um dia tem que descer

Não estou aqui pra falar mal de São Paulo, nem pra reclamar do hotel que, de tão próximo que fica de Congonhas, dá a impressão que um avião irá pousar no terraço, SEMPRE. 20 andares me separam da terra firme. Fico mais perto das asas de TAMs e GOLs que cruzam os céus que do solo.

Chego na janela e olho o horizonte, repleto de prédios, antenas, coisas piscantes fixas e em movimento. Luzes luzes luzes. Barulho, nem tanto - a rua está muito distante. Então, olho pra baixo.

Muitas pessoas ficariam aterrorizadas, outras agiriam com a maior naturalidade, como se nada. Não sei porque DIABOS me dá uma vontade absurda de ATIRAR QUALQUER COISA pra baixo. QUALQUER COISA. Um cuspe (ok, desculpem), um amendoim, UMA MELANCIA. Ver o objeto viajando até estatelar-se no solo - que coisa fantástica.

Sinto isso desde que tinha 10 anos e visitava minha avó, que morava no sexto andar de um prédio em Copacabana. Atirava bolachas cream cracker lá de cima até um dia ser desmascarado por um vivente na rua. Agora, 20 andares é tentação demais. Não dá pra segurar.

A escolhida: uma tampa de garrafa, dessas PET. Coisa leve, pequena. Não machuca ninguém, não faz sujeira. Me considero praticamente um GENTLEMAN. Pois a tampa viajou, viajou... e sumiu no trajeto. Pequena demais. Aqui é alto demais.

Não teve graça...

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Mea culpa

Bah.

Que VERGONHA esse blog.

Retorno esse feriado...

terça-feira, 1 de abril de 2008

Eu ainda me lembro

Agora que já perdi todos os MILHARES de leitores, lembrei do blog. É vergonhosa a falta de compromisso com esse espaço.

Voltarei num espaço de tempo breve. Juro.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Mudança de hábitos

Longos dias se passam sem atualizações aqui... que vergonha! Como disse uma amiga caxiense, "tu deve estar trabalhando um monte, né?". Tô mesmo. Mas não só o trabalho é o culpado da minha ausência.

Virada de ano é como uma segunda-feira, mas bem mais séria. Vários compromissos são assumidos pelas pessoas nessas datas e comigo não foi diferente. Decidi que iria tomar uma série de atitudes, a fim de trazer um indivíduo melhor até você.

O maior prejudicado foi o computador. O compromisso era reduzir drasticamente o tempo gasto neste equipamento, já que no escritório o período que ficamos em frente a um monitor é absurdo - o que é pior, muitas vezes sem fazer nada. Pois bem, menos tempo por aqui.

Video-game então, nem se fala. Incrível o tempo que perdi na minha adolescência virando jogos que nem lembro quais eram, hoje. Tardes, noites... quanta coisa mais útil eu poderia ter feito. Portanto, nada disso por agora.

Futebol, somente com moderação. Sim, porque é impossível larga-lo por completo. Então, nada de ficar assistindo Zâmbia x Guiné, nada de campeonato francês. Jogos na TV, somente do Grêmio ou que tenha relevante importância.

Meu pobre cão merecia mais atenção. Eu mal olhava para aquele labrador mangolão que me esperava chegar no fim da tarde, louco por uns momentos de correria ou uma singela caminhada pelas ruas pacatas do bairro. Sim, mais tempo para ele.

Mais livros, mais filmes, mais músicas. Enriquecer as idéias, aumentar a cultura, expandir os pensamentos. Deixar a vida mais interessante.

Academia. Siiiiiim. Lembro do meu primeiro post nesse blog que dizia que duas atividades eu já tinha tentado inúmeras vezes e sempre desistia. Dessa vez, não. Diferente das outras vezes, a intenção não é apenas crescer. O metabolismo, parado durante 17 horas do dia, não é mais o mesmo. Além do mais, os exercícios físicos liberam hormônios e deixam o dia-a-dia mais leve.

Mas também disse que não desistiria do blog. Ih! Faltou tempo pra tudo isso...