sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Sí Se Puede Tour 2008 // Capítulo 8: Nós (e o Brasil inteiro) em BARILÓXI

Depois de mais de 10 dias viajando, vendo cenários impressionantes, porém quase sem o gostinho da vida noturna, nossa estadia em Bariloche era tida como a redenção festeira, tanto que para isso reservamos 4 dias na cidade. Logo na primeira noite, problemas: o quarto dito como triplo era, na verdade, um duplo com cama adicional. Além da distância de menos de 20cm entre uma cama e outra, o espaço era tão reduzido que as malas tiveram que ser alocadas em cima da televisão. Na manhã seguinte, nossas reclamações foram atendidas graças ao nosso amigo pseudo-portenho, com sotaque bonairense, que confundiu até o recepcionista do hotel - "Los brasileños son insoportables", disse ele, sem perceber sua origem. Ao final, trocamos para um quarto decente.

Para remover manchas de vinho, clorofila e detergente de cozinha

Logo no primeiro dia, começamos a perceber nosso maior erro de planejamento na viagem. Apesar de estarmos em pleno Junho, Bariloche recém estava prestes a iniciar sua média temporada, ou seja, a maioria das atrações turísticas estava fechada. A começar pelo Cerro Catedral, maior estação de esqui da América Latina, que não possuía a quantidade mínima de neve para abrir suas pistas. O clima, chuvoso, piorava a situação. Nos restou devorar um cordeiro patagônico, comprar umas garrafas de vinho e assistir a Eurocopa no hotel - que não ofereceu saca-rolhas. Azar o deles: a tática de empurrar a rolha fez espirrar vinho nas colchas, cortinas e até no teto.

Wilkenny: pub irlandês com funk carioca

Com o jogo entre Brasil e Argentina pelas eliminatórias, buscamos um local agradável (= sem brasileiros) para assistir ao confronto. Dureza. Local repleto de brasileiros. Sim, haviam alguns argentinos, mas eram minoria. Passada a quase derrota, as mesas foram movimentadas e inicou-se uma pachanga, porém 20min depois "um tapinha não dói" era o som que agitava o lugar. Não, eu não havia andado 6000km pra ouvir funk. Era ruim demais pra ser verdade...

Amor não correspondido

A manhã seguinte começou com uma ótima notícia: neve. Apesar disso, as pistas de esqui permaneciam fechadas. Nos restou seguir o roteiro original e conhecer as vizinhas Villa La Angostura e San Martín de Los Andes. Apesar da neve, a estrada estava aberta, sem necessidade de utilização de correntes. O cuidado redobrado não apenas pela pista escorregadia, mas também pela pouca visibilidade. Villa La Angostura é um vilarejo pequeno, distante 100km de Bariloche, sem maiores atrativos. Dali, parte um barco que cruza o Lago Nahuel Huapi até Bariloche, mas este não estava funcionando por problemas no licenciamento das empresas. Dali, mais 150km - parte em estrada de terra - até San Martín.

O rio nos guia

A estrada em péssimas condições era quase desapercebida devido a beleza da região. Contornando diversos lagos, rios e cascatas, a estrada cruza o Parque Nacional Los Arrayanes. Talvez aqui tenha sido o único trecho onde sentimos falta daquela caminhonete 4x4, tão endeusada por aventureiros. Contudo, o Civic cumpriu seu papel. San Martín fica encravado entre as montanhas, costeado pelo Lago Lacar. Uma cidadezinha com jeitinho alemão, ruas e construções simpáticas e - o mais importante - livre de brasileiros. 5km distante está o Cerro Chapelco, outra importante estação de esqui, também fechada na ocasião. O dia caía quando um erro na visualização do mapa nos faz ter que andar 250km de volta. No caminho, precipitação intensa de neve. Infelizmente, a noite não nos permitiu ver mais uma estrada fantástica que apenas as luzes do carro tentavam nos mostrar.

Photoshop? Parece mas não é

Conclusão do grupo: San Martín põe Bariloche no bolso. Aqui sim, é possível conhecer uma cidade autêntica, encantadora e com atrativos de lazer. Talvez tenhamos conhecido Bariloche numa época ruim, mas a impressão que tivemos é que a cidade é uma "Tramandaí dos Andes". Tudo muito turístico, muito forçado, nada original. Pior ainda com as pistas de esqui fechadas, o que nos obrigou a circular bastante pelo centro da cidade. Seguidamente, fomos assediados por vendedores de blusões, mantas e toucas que apenas pelo olhar identificam a procedência de todos e emendam um "português acastelhanado".

Bad Otávio

Após algumas noites de funk e reggaeton no tal Wilkenny, ouvindo muitos brasileiros elogiando Barilóxi, nossa estadia em Brasiloche chegava ao fim com um passeio ao Cerro Otto e sua confeitaria giratória, no topo da montanha, de maneira melancólica. Bariloche não foi nada do que esperávamos. Além disso, a nossa aventura se aproximava do fim. Um pit-stop em Buenos Aires e, logo, estaríamos em casa.

Um dia, tudo acaba.

Um comentário:

G.D. disse...

MANEREM no vinhozinho e na parrilla agora na volta a realidade portoalegrense.

O Mauricio engordou (foto 3).