segunda-feira, 12 de maio de 2008

Impossível pensar em outra coisa

O que tem do lado de lá desse paredão?

Quem criou as férias certamente o fez com a intenção de reservar às pessoas um período de tempo em que pudessem dedicar-se a uma atividade particular, arejar a cabeça e descansar. Quem criou as férias certamente não imaginou que alguém a utilizaria unicamente para enfrentar longas viagens, exigir esforço físico do corpo durante todo tempo e, por conseqüência, voltar MUITO MAIS CANSADO do que se estava antes de partir. Unicamente sim, porque entre a saída e o retorno, somente algumas 10, talvez 12 horas não serão gastas com coisas que não fazem parte da viagem que contarei a seguir.

Desde Fevereiro de 2005 (ou seja, aproximadamente 3,5 anos atrás), na minha primeira visita às cidades de Buenos Aires e Montevideo, a região rioplatense passou a exercer um poder de atração brutal sob a minha pessoa. Poder esse que me permite a afirmar coisas como "no mesmo período, fui mais vezes à Buenos Aires que para Gramado, onde tenho estadia garantida". Pode ser o cúmulo pensar que, teoricamente, 1.100km pareçam mais pertos que 126km, mas é a verdade. Mas os motivos que levam à isso serão discutidos num post futuro.

Na minha quinta passagem pelos países do Conesul, finalmente irei concretizar um antigo desejo: ver o sol se pôr no oceano; cruzar os Andes; ver o que existe no lado de lá desse paredão. Cruzando Mendoza, Santiago, a região dos lagos chilena e Bariloche - com uma paradinha em Buenos Aires, porque ninguém é de ferro. Serão aproximadamente 6 mil quilômetros a serem rodados, algumas partes em altitudes superiores a 3 mil metros, costeando o teto das Américas, o Aconcágua, e outros vulcões, alguns ativos no país magro. Pode-se não estar ansioso para que isso chegue rapidamente?

Por isso, as jornadas custam a passar. Conto os dias assim como nos filmes os presos contam os seus na prisão: riscando, traço a traço. Ao mesmo tempo que a mente vai se afastando, pra lá da Cordilheira, ela precisa estar de volta logo, pois há muito trabalho a ser feito antes de poder partir. Sair do emprego com a certeza de que todas as precauções foram tomadas e que não ficaram pendências garantirão a tranqüilidade nos altos das montanhas de neve. Mas como fazer isso, se só consigo pensar nas montanhas de neve?

Enquanto isso, eu sigo contando. ||||/ ||||/ ||||/ ||||/ ||||/ |

4 comentários:

Anônimo disse...

Eeeee!!! :-)
Finalmente o "Pessoal e Intransferível" superou o "Eu não Suporto"...
Confessa, bem melhor falar de uma futura viagem (e virão vááários post sobre ela depois de realizada), né?

E depois dos "Contos Nordestinos", ficarei contado os dias também, ||||/ ||||/ ||||/, aguardando as suas novas façanhas.

Ah, só mais uma coisa... nós temos a eternidade inteira pra descansar: férias devem ser exageradamente aproveitadas.

Boa viagem!!!
Beijão Lu

Anônimo disse...

SEM DUVIDA, volto MAIS CANSADO das minhas ferias e dos meus finais de semana - ultimamente- do que estava antes deles.

Mas, enfim, ferias servem mesmo para o cara se ESTRESSAR com coisas que valem a pena (quehahei).

Imagine nesse caso, em que A ESTRADA tem mais importancia que O DESTINO.

No mais: no Pais de Gales o sol se punha em que lado?

Gralha disse...

Faltou um detalhe no texto: Oceano PACÍFICO.

Anônimo disse...

"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou tv. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver".
(Amyr Klink)
Beijos Lu