terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Eu believo


Compareço hoje pra desabafar: EU NÃO AGÜENTO MAIS. É muita angústia, é muito sofrimento. Desse domingo não passa. Vai acabar, graças!

Tudo começou num longínquo fim-de-semana de Maio (ou seria Abril?), quando estreamos sem qualquer perspectiva positiva numa partida que tinha tudo para confirmar os prognósticos negativos. Raras as vezes que conseguimos derrubá-los no Morumbi e esta parecia ser a mais improvável de todas.

Aquele foi apenas o começo de uma série de acontecimentos improváveis. Vitórias no Mineirão, no Serra Dourada, no Scarpelli, liderança em épocas de pontos corridos, tudo isso já ia contra a nossa história, ainda mais depois de duas eliminações para equipes de divisões inferiores no cenário nacional. Toda quarta ou todo domingo passou a ter um compromisso imperdível – era dever fazer-se presente no estádio ou em frente ao aparelho de tevê. Tu sente que a coisa fugiu de controle quando um simples embate em Curitiba faz tu passar metade de um fim-de-semana dentro de um carro.

As vezes, queria eu não me importar com isso. Ser como meu pai, que apenas senta em frente a TV, pergunta quem está jogando e depois segue a vida como se nada tivesse acontecido. Apenas um passatempo, uma distração. Me pergunto: por que eu choro por isso? Mudo meu humor, meu estado de espírito? Por que afeta minha vida, minha relação com a família, com meus amigos?

Contra o Palmeiras, estava fora do país. Ainda embriagado pela noite de Buenos Aires, penso: “que maravilha este fim-de-semana, nada de futebol. A vida é mais que isso”. Até que, já na madrugada de domingo, pessoas vestidas de azul aguardam no aeroporto. Não à mim, mas ao grupo que foi ao Parque Antártica e junto com a vitória, trouxe esperança e fé para metade de Porto Alegre. É preciso admitir: não tenho como fugir. Isso faz parte da minha vida.

Por isso, conheci cidades como Buenos Aires e Montevideo. Isso é uma das coisas que mantém minha família de cinco irmãos mais próxima. Que ajuda a manter as amizades dos tempos de colégio. Que, de certa maneira, forma a minha identidade.

Chegamos ao momento derradeiro do campeonato. É terça-feira e já estou sem unhas. Não quero falar mais sobre esse assunto. É muito angustiante, é muito sofrido. Mais ainda quando tu te pega perdido nos pensamentos, imaginando o estádio no domingo, vivendo aquelas duas miseráveis horas. Imagina o rádio trazendo boas notícias. Imagina ver aquilo tudo que era tão distante meses atrás tornar-se algo palpável, uma coisa real.

É preciso acreditar. Sempre acreditar. Mas não alimento essa fé nos discursos de “imortal tricolor”, por vitórias heróicas do passado e outras bobajadas propagandeadas por aí por todos os tipos de pessoas, sejam entendedoras ou não do assunto. No futebol, o inimaginável não tem clubes preferidos, não se baseia em históricos ou tabus, não é definido com antecedência. Tudo pode acontecer naquelas duas miseráveis horas.

Que seja nesse domingo, das 17 às 19.


Numa época em que a internet jorra textos e frases supondo ser de grandes escritores e pensadores, deixo aqui uma que li em 1997, creditada ao Sir Winston Churchill, grande líder da Inglaterra – e porque não, dos aliados – na Segunda Guerra Mundial:

“Os aliados são tão burros que ainda não perceberam que já perderam esta guerra. Por não perceberem, continuam lutando. Por continuar lutando, acabarão vencendo.”

3 comentários:

Anônimo disse...

O Sr. Winston certamente NAO DEVE ter dito isso. Mas AZEITE.

Eu ACREDITO. Sempre acreditarei.

Nao tinha um papo sobre o fato de que o ZANGAO, anatomicamente, nao tinha condicoes de VOAR, mas ignorava isso e talvez por isso VOA?

E se o Gremio IGNORAR que lhe falta praticamente 65% de jogadores para formar um time DECENTE e jogar como uma RETRO-ESCAVADEIRA para cima do Galo Mineiro? E se o Goias ACREDITAR que realmente pode ESFOLAR o Sao Paulo?

...titulo.

O pior de tudo reside na AMPLA possibilidade disso tudo.

Malditas esperancas que ressurgem e podem levar a decepcao conformista a se potencializar.

Se bem que, ter o DIREITO de sonhar sempre vai ser algo bom.

Anna Magagnin disse...

É esse teu sofrimento acaba,pode não ser com final feliz,mas acaba.

Eu tô tranquila quanto a domingo (juuuuura), meu dilema é nesta quarta. Mas ando me acostumando com esse negócio de decisão sabe...todo ano, todo semestre...

Brincadeiras a parte.,Ou talvez tenham soado pra ti como arrogância,a verdade é que se tu gostas de futebol, então feliz de ti como torcedor por estar nesta angústia

Lembro de anos que não me angustiava nunca pela disputa de um título...não tenho saudades...tu também não...ninguém teria...

Essa tua angústia, meu querido, mais do que provar que teu time tá vivo no campeonato, prova que tu estás VIVO...muito vivo

saudações coloradas


tá desculpa, bjos

E sim apesar do tema ganhaste uma leitora assídua :)

Anônimo disse...

Podia falar horas sobre sofrimento e esperança sendo torcedora do Caxias, mas gostei mesmo foi do comentário da Anna (peço desculpa pela intimidade).

Bom saber que não sou nenhuma alienígena por gostar de futebol, ir ao campo de futebol, entender um pouco de futebol, conversar horas sobre futebol no meio da Balonê (lembra?), assistir futebol na TV (e não do meu time, que raramente, eu disse raramente e não NUNCA passa).

E melhor ainda, é torcedora mesmo, não torce por modinha, não torce para o Grêmio.

Para ti Anna, saudações coloradas (time que simpatizo muito);
E pra ti Antônio, hum, tá, vai: boa sorte.

Beijo
Lu