sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Perguntas que assolam uma mente inquieta - I

A falta de definição sobre as minhas atividades dentro da empresa onde trabalho me força a fazer praticamente um job rotation (adoro essas expressões importadas [mentira]), sendo jogado em qualquer canto onde exista qualquer tarefa a ser desempenhada. Não obstante, não há MUITA tarefa a ser desempenhada em canto algum e, por esse motivo, penso, logo escrevo.

Esta semana fui deslocado para a área de contabilidade da empresa. Minha função é ligar para os funcionários que possuem pendências, cobrando-os para que estas sejam resolvidas imediatamente. Tal processo é dado da seguinte forma: as cobranças de fornecedores chegam a este setor, onde os empregados verificam no sistema o lançamento das informações referentes ao material recebido ou serviço prestado para checar se tudo está correto. Estando, o pagamento pode ser feito, porém quando há inconsistência em algum dado, o CHATO aqui aparece para puxar as orelhas dos colegas. Algo tão desafiador que, talvez, um macaco adestrado faria com a mesma competência que eu.

Viver em meio a contadores, observando suas atividades e responsabilidades, levaram meus questionamentos sobre “Vida corporativa é vida?” (a ser tratado no próximo post) para um outro nível. Se eu já questionava passar 40 horas da semana fechado em um escritório enquanto o sol, o vento e a VIDA lá fora corre solta, imagina renunciar a tudo isso por guias de recolhimento de impostos, notas fiscais, boletos e livros contábeis?

A afirmação “a vida é mais que isso” aparece aqui na sua melhor forma. Excluindo questões sobre burocracia, organização corporativa, controles governamentais, QUAL A UTILIDADE DE TUDO ISSO? Vejo aqui pessoas passando suas (únicas) vidas alimentando livros que ficam parados nas estantes por meses e fazendo um CARA-CRACHÁ em documentos e telas de computador. 40 horas semanais. 175 horas por mês. Quase 2000 horas por ano.

Não quero cair na tentação de dizer “imagina ter todo esse tempo pra fazer o que quiser” porque afinal, do trabalho nós não podemos fugir (por nós entenda-se pessoas que não são ricas de berço e que vivem com os pés no chão). Mas utilizar esse tempo, ao menos, para funções mais produtivas, para gerar riquezas de verdade? Quantas pessoas estão perdendo não apenas o seu tempo, mas o tempo (e o dinheiro) da empresa (que repassa esses custos a todos nós - ou seja, todos pagam a conta disso) apenas para a manutenção de uma estrutura burocrática?

Agora, isso fez ainda menos sentido para mim.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Eu believo


Compareço hoje pra desabafar: EU NÃO AGÜENTO MAIS. É muita angústia, é muito sofrimento. Desse domingo não passa. Vai acabar, graças!

Tudo começou num longínquo fim-de-semana de Maio (ou seria Abril?), quando estreamos sem qualquer perspectiva positiva numa partida que tinha tudo para confirmar os prognósticos negativos. Raras as vezes que conseguimos derrubá-los no Morumbi e esta parecia ser a mais improvável de todas.

Aquele foi apenas o começo de uma série de acontecimentos improváveis. Vitórias no Mineirão, no Serra Dourada, no Scarpelli, liderança em épocas de pontos corridos, tudo isso já ia contra a nossa história, ainda mais depois de duas eliminações para equipes de divisões inferiores no cenário nacional. Toda quarta ou todo domingo passou a ter um compromisso imperdível – era dever fazer-se presente no estádio ou em frente ao aparelho de tevê. Tu sente que a coisa fugiu de controle quando um simples embate em Curitiba faz tu passar metade de um fim-de-semana dentro de um carro.

As vezes, queria eu não me importar com isso. Ser como meu pai, que apenas senta em frente a TV, pergunta quem está jogando e depois segue a vida como se nada tivesse acontecido. Apenas um passatempo, uma distração. Me pergunto: por que eu choro por isso? Mudo meu humor, meu estado de espírito? Por que afeta minha vida, minha relação com a família, com meus amigos?

Contra o Palmeiras, estava fora do país. Ainda embriagado pela noite de Buenos Aires, penso: “que maravilha este fim-de-semana, nada de futebol. A vida é mais que isso”. Até que, já na madrugada de domingo, pessoas vestidas de azul aguardam no aeroporto. Não à mim, mas ao grupo que foi ao Parque Antártica e junto com a vitória, trouxe esperança e fé para metade de Porto Alegre. É preciso admitir: não tenho como fugir. Isso faz parte da minha vida.

Por isso, conheci cidades como Buenos Aires e Montevideo. Isso é uma das coisas que mantém minha família de cinco irmãos mais próxima. Que ajuda a manter as amizades dos tempos de colégio. Que, de certa maneira, forma a minha identidade.

Chegamos ao momento derradeiro do campeonato. É terça-feira e já estou sem unhas. Não quero falar mais sobre esse assunto. É muito angustiante, é muito sofrido. Mais ainda quando tu te pega perdido nos pensamentos, imaginando o estádio no domingo, vivendo aquelas duas miseráveis horas. Imagina o rádio trazendo boas notícias. Imagina ver aquilo tudo que era tão distante meses atrás tornar-se algo palpável, uma coisa real.

É preciso acreditar. Sempre acreditar. Mas não alimento essa fé nos discursos de “imortal tricolor”, por vitórias heróicas do passado e outras bobajadas propagandeadas por aí por todos os tipos de pessoas, sejam entendedoras ou não do assunto. No futebol, o inimaginável não tem clubes preferidos, não se baseia em históricos ou tabus, não é definido com antecedência. Tudo pode acontecer naquelas duas miseráveis horas.

Que seja nesse domingo, das 17 às 19.


Numa época em que a internet jorra textos e frases supondo ser de grandes escritores e pensadores, deixo aqui uma que li em 1997, creditada ao Sir Winston Churchill, grande líder da Inglaterra – e porque não, dos aliados – na Segunda Guerra Mundial:

“Os aliados são tão burros que ainda não perceberam que já perderam esta guerra. Por não perceberem, continuam lutando. Por continuar lutando, acabarão vencendo.”