domingo, 3 de agosto de 2008

Sí Se Puede Tour 2008 // Capítulo 7: Mais um dia daqueles

O dia começou cedo aquela terça-feira em Puerto Varas. Aliás, cedo demais. Quando acordamos, às 7h30, ainda era noite fechada. O Sol só deu as caras por volta das 9h. Nossa tarefa era retornar à Argentina, em direção a San Carlos de Bariloche. Não exatamente um cruze, pois Bariloche está situada na Cordilheira, numa parte mais baixa, com altitude próxima a 1500m sobre o nível do mar. O caminho mais curto é retornar direto a Osorno e seguir na direção leste. Porém, os vulcões nos chamavam do outro lado do lago Llanquihue, e resolvemos contorná-lo.

Visual bem feio: vulcão Chabulco a esquerda e lago Llanquihue

Passados 50km, chegamos na entrada do Parque Nacional Vicente Perez Rosales. Vimos a entrada e pensamos "por que não entrar?". Seguimos por aproximadamente 10km dentro da mata fechada, até em seguida o cenário mudar: subidas íngrimes e o cume do vulcão Osorno. Subindo, subindo, subindo até a base do vulcão, onde se encontra uma estação de esqui. Talvez o visual mais impressionante da viagem. Estávamos sobre as nuvens, com todo o lago Llanquihue na nossa vista. O vulcão, tão próximo. Por lá ficamos alguns minutos, fotografando o local por absolutamente todos os ângulos.

Use freio motor

Descemos de volta e seguimos por uma estrada de terra mais 25km. Alguém viu algum problema? Não. Impossível. Costeando o lago, com casinhas no pé da montanha e vacas cruzando a estrada... Ah, quer saber? Olha a foto aí embaixo.

Alpes suíços? Não, região dos lagos chilenos

Passada a estrada de terra, retornamos até a cidade de Osorno, sempre observados pelo vulcão homônimo. De lá, seguimos em direção ao Paso Cardenal Samoré, fronteira Chile-Argentina. Na cidade de Entre Lagos, tínhamos a última oportunidade de fazer uma refeição digna. Apesar de ninguém ouvir a sugestão de irmos num lugar que tivesse muitos caminhões (sinal de comida honesta), resolvemos perguntar aos habitantes qual o melhor restaurante da cidade. Fomos encaminhados a um estabelecimento localizado na beira da estrada... com muitos caminhões estacionados ao lado. Lá, gastamos nossos últimos centavos chilenos - mais pela grana estar curta do que pela necessidade de livrar-se da moeda. Agradecemos a garçonete pelo "desconto" na conta e tocamos o barco.

Big Brother

A viagem seguia monótona até entrarmos no Parque Nacional Pueyhue. Dali, iniciamos um trajeto bem diferente do primeiro cruze, onde a região árida parecia mais um deserto. Ali, uma floresta, cascatas e lagos nos acompanhavam ladeira acima, rumo a Argentina. A aduana chilena, espertamente localizada na parte baixa da floresta, uns 20km distante da fronteira, ficara para trás. De repente, estávamos de novo com neve nas laterais da estrada. Atenção redobrada, pois poderia haver gelo na pista. Paramos para fotos na fronteira. Chamando a atenção pela placa brasileira, fomos abordados por um trio de cariocas que se dirigia a Osorno para comprar eletrônicos... (que diabos?!?). Comentamos sobre nossa viagem e mostramos as fotos feitas nas horas anteriores. Fizeram cara de que nem sabiam que aquilo existia. Negócio mesmo era ir pro Chile comprar eletrônicos (???). Nos planos deles, era possível ir a Osorno, voltar e ainda ir até San Martin de Los Andes, 150km distante de Bariloche. Ainda naquele dia. Considerando que eram 17h e a fronteira fechava às 20h. E que a estrada para San Martin é de terra. Boa sorte...

Esquerda, Argentina; direita, Chile

Enquanto a tarde caía, continuávamos em nossa viagem rumo a Bariloche. Ainda teríamos que contornar o lago Nahuel Huapi por aproximadamente 100km, e assim o fizemos. Continuamos a parar para fotos enquanto ainda havia luz do dia. Quando avistamos Bariloche do outro lado do lago, a noite já tinha caído e a cidade estava iluminada. Outro dia de cenários impressionantes havia terminado.

A viagem poderia terminar aí mesmo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Criaturas bizarras, essas dos eletronicos. Enriquecem os folclores de viagens.

PS: "...A viagem seguia monótona...". Vai tomar no olho do CU, sim?

Gralha disse...

Quando tu anda mais de 5.000km, acredite, existem trechos monótonos. Viajar é bom, mas as vezes CANSA.