quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Apertem os cintos

"Atenção, tripulação. Preparar para partida". Esta é a deixa. Se a aeronave não possui monitores sob os compartimentos de bagagem, cabe a dois pobres seres a tarefa de explicar aos passageiros do avião os procedimentos de segurança. Raros são aqueles que prestam atenção. Diria até que essas pessoas não existem. Elas preferem passar estes 2 minutos atualizando-se com o jornal, vendo o movimento do pátio do aeroporto ou, enfim, fazendo QUALQUER OUTRA COISA. Chega a ser constrangedor ficar olhando os comissários apontando para as saídas na dianteira, sobre as asas e no fundo da aeronave, com um olhar tão desinteressado quanto aquelas pessoas para quem eles se dirigem.

Também, pudera. Seria hipócrita se gastasse linhas e linhas criticando esse desprezo dos passageiros pela "sua própria segurança". Cruzei os céus deste país centenas de vezes, freqüência que foi intensificada após minha nova função na empresa onde trabalho, e poderia ser capaz de informar as instruções mesmo ser ler o texto que as companhias aéreas são obrigadas a repassar. Mas mesmo para um iniciante, fica difícil acreditar que qualquer daquelas instruções seriam realmente úteis no caso de uma emergência.

A demonstração dos procedimentos de segurança passou a ser realizada após um desastre num avião da Air Canada em 1983, quando um incêndio atingiu o banheiro de uma aeronave em pleno vôo. O interior do avião ficou tomado pela fumaça e, quando o avião conseguiu pousar, era difícil visualizar as saídas de emergência. Muitas pessoas não as encontraram antes do avião explodir, matando 23 pessoas (isso eu vi no Desastres Aéreos, do Discovery. Muito bom programa).

Pelo jeito, o texto escrito não mudou desde então. Os comissários referem-se sempre como pouso qualquer situação em que a aeronave vem de encontro ao solo, não importa que tipo de solo. Para mim, pouso é quando o avião desce normalmente na pista. No máximo, quando tem problemas no trem de pouso mas está indo para um aeroporto, aceito chamar como pouso de emergência. Mas pouso na terra não existe. Pouso na água não existe. Para mim, isso é queda.

Isso já foi mostrado em Clube da Luta, mas não poderia deixar de citar as cartas de instruções. Os aviões inteiros na terra e na água, as pessoas saindo tranqüilamente abraçadas em seus assentos flutuantes ou bóias salva-vidas. ISSO NÃO EXISTE! Em outro Desastres Aéreos, o programa informava que pousos na água racham o avião ao meio, pois as turbinas embaixo das asas criam uma resistência que impede que o avião "deslize" pelo espelho d'água. Os Fokker talvez teriam alguma chance de terminar o pouso inteiros. Pouso...

"Em caso de despressurização, máscaras de oxigênio cairão". Meu amigo, se isso acontecer, reze. Reze muito. É o sinal de que deu merda! Mas não se preocupe, pois a angústia não irá durar muito tempo, principalmente porque você vai ter oxigênio por aproximadamente 15 minutos. Isso ninguém te diz nas instruções.

Pela falta de interesse embaraçante dos passageiros. Pela vergonha na cara dos comissários. Pela transparência nas informações de segurança. Eu digo: chega dessa papagaiada no início de cada vôo. Joguem cartões de instruções de segurança sérios nos passageiros e era isso. Se der merda, salve-se quem puder.

2 comentários:

G.D. disse...

Eu assisto as apresentacoes dos procedimentos, SEMPRE, em solidariedade com as aeromocas. Deve ser BUCHA fazer umas 14 vezes por dia aquele teatrinho patetico.

PS1: "em caso de pouso na agua..."..."em caso de DESPRESSURIZACAO..."... QUE MERDA ADIANTA me dizer que minha poltrona flutua e que uma mascarinha a moda Michael Jackson vai cair do teto? Em caso de "pouso na agua" eu ja morri de enfarto, ha horas...

PS@: "Johnny" humilha.

Anônimo disse...

Nesses casos, eu já morri antes de cair qquer coisa...